Hotel de luxo no Vale Sagrado do Peru

Hotel de luxo combina com o Vale Sagrado? Peru não é só para mochileiros?  Se você ainda pensa assim, vai se impressionar com a quantidade empreendimentos hoteleiros de alto padrão, especialmente em Cusco e cidades adjacentes.

Fiquei hospedada no Belmond Rio Sagrado. Um verdadeiro oásis na cordilheira do Andes.

Como o nome diz, o hotel fica em um terreno às margens do Rio Urubamba. Este rio caudaloso, começa nas montanhas de Puno e percorre quase 800km pela Cordilheira dos Andes até deságuar na bacia do Rio Amazonas.

Era o rio sagrado para os incas, responsável pela fertilização do vale, e com uma conexão direta com o cosmos. Acreditava-se que o Urubamba seria o rio físico que se fundia ao rio celestial — a Via Láctea.

O hotel é a própria definição do quiet luxury. É tudo maravilhosamente sofisticado na simplicidade. “Feliz no simples” que fala, né? Não existe opulência, os materiais usados na construção são naturais, as cores sóbrias, os ambientes silenciosos… uma atmosfera muito aconchegante.

Localização

O Belmond Rio Sagrado é um hotel de luxo no Vale Sagrado, na cidade de Urubamba, a maior depois de Cusco nessa região. Para chegar lá, pegamos um transfer privativo desde o aeroporto e o trajeto de 60km foi feito em pouco menos de 2 horas.

Depois que saímos da área metropolitana de Cusco, a estrada sinuosa começa a descortinar paisagens incríveis de campos floridos, montanhas e picos nevados. Já é uma prévia do que nos aguarda no coração do vale.

O hotel está escondido entre a linha férrea que leva a Machu Picchu e o rio, já afastado do centrinho da cidade. Se precisar sacar dinheiro ou comprar alguma coisa no caminho, já faça em Urubamba, uma vez que o hotel não tem “nada” em volta.

O terreno é em declive, situado a 2.800 metros de altitude. Melhor para aclimatação do que Cusco, que está a 3.400 metros. Os quartos ficam distribuídos pela colina e lá embaixo, na área plana, estão o restaurante, a piscina e um gramado gigante!

O que não falta no hotel são escadas!! Subir e descer toda hora dá uma canseira – que fica ainda mais evidente por conta da altitude. Mas para driblar isso, há um carrinho de golfe que leva os hóspedes para lá e para cá, especialmente se estão com malas.

A área externa é impecável. Os jardins são mantidos com muito capricho, são muito floridos e em todas as árvores e plantas existe uma plaquinha identificando a espécie. O gramado é o mais impressionante. Imenso e com uma grama super verdinha. Há uma horta de onde sai a matéria-prima para os pratos do restaurante.

Logo na chegada, o hóspede é recebido com o toque do pututo, um instrumento de sopro feito com a concha de um marisco, usado no período inca para abertura de cerimônias e anúncio de pessoas importantes (já começamos a ser VIP desde aí!)

Os funcionários da recepção são muito amáveis e já nos recebem com um chá de ervas e maracujá feito na hora, enquanto tratamos da papelada de praxe com passaportes e cartões de crédito.

Enquanto estive hospedada, a maioria dos frequentadores estava dividida entre brasileiros e norte-americanos.

Acomodações

São apenas 23 quartos dividos em 3 categorias: Apartamentos, Suites e Vilas.

Escolhi uma Suite Garden King, com 92 metros quadrados e vista para o rio.

A estrutura é como um chalé, um pouco separada da área principal e, felizmente, com poucas escadas para acesso à área de lazer e restaurante.

O quarto é decorado com uma cama king size, uma pequena mesa de refeições — onde encontramos um doce de maracujá com manga divino na chegada — e uma mesa de trabalho.

 A atenção com os detalhes é primorosa. Máquina de Nespresso com cápsulas respostas diariamente — o mesmo com os chás, café instantâneo e água mineral natural. Na mesa de cabeceira, despertador com som bluetooth e uma caixa de miniaturas de travesseiros. Você pode escolher quais modelos quer a mais e pedir na recepção.

Na mesa de trabalho, uma caixa repleta de papelarias lindas como tags, envelopes, mapa do hotel, cartões postais, livro de diretório, menu do room service e do spa. Na varanda, um cesto de vime com tapetes de yoga para quem estiver na vibe fitness.

Aliás, a varanda é um cenário à parte. Muito ampla, com piso de grama e muitas flores, convidando o hóspede a uma conexão com a natureza. A minha varanda estava repleta de lavandas, tão perfumadas! Pela manhã, os passarinhos faziam a farra por ali.

O banheiro foi a minha paixão. Além de imenso, tem piso aquecido e um chuveiro de teto poderoso no box com vista para o jardim.

Os produtos de primeira linha, com cheiro delicioso de canela, ficam dispostos em cerâmicas rústicas muito bonitas (eu queria descobrir de onde são). Há roupões, toalhas tipo turbante para o cabelo e pantufas.

Lembra que eu falei do luxo no simples?

Não tem ar condicionado nem TV no quarto. Faz tanto frio à noite que não precisa mesmo! Pelo contrário, eles disponibilizam aquecedores portáteis e cobertores extras. Se em abril já sentimos frio, imagina nos meses de inverno. E a falta de TV é justamente para o hóspede se conectar com a natureza exuberante — assim como faziam os incas.

E eu só reparei que não tinha TV lá no terceiro dia para falar a verdade!

Gastronomia

A diária já  inclui o café da manhã. Como eu já tinha percebido que o hotel era afastado, fechei a estadia com meia pensão e optei pelo jantar, já que durante o dia estava saindo para passeios.

Todas as refeições são servidas no restaurante El Huerto e o cardápio é uma releitura de pratos tradicionais da cozinha peruana com apresentação mais contemporânea.

As louças mais uma vez me chamaram a atenção. Todas as cerâmicas rústicas belíssimas, pratos em formatos diferentes e irregulares.

Seguindo o padrão Belmond de hospitalidade, os garçons e maître sabem os nomes dos hóspedes, apresentam sugestões, trazem sempre um amouse bouche ou uma bebida para você experimentar. É um atendimento personalizado e extremamente amigável. Confesso que fiquei com saudades de toda a equipe!

Como já tinha optado pela meia pensão, no jantar podia escolher qualquer entrada, prato e sobremesa do cardápio.  Além disso o serviço começava com uma cesta de pães caseiros e um pequeno tira gosto. Após a sobremesa ainda eram oferecidos chás, licores, café e petit fours.

O restaurante também está aberto para não-hóspedes mediante reserva. Se você se hospedar em outro hotel de Urubamba, recomendo jantar uma noite por lá.

Café da manhã

O café da manhã é servido a la carte, das 6h às 10h. O serviço começa com pratos de frutas da região, como pitaya e physalis, e continua com cesta de pães caseiros, frios e geléias. Tudo o que pode ser produzido na cozinha do hotel eles fazem. Os pães são deliciosos e tem muita variedade.

Em seguida você escolhe os pratos quentes entre o cardápio tradicional e o cardápio fitness. E pode pedir quantas vezes quiser. O menu de café da manhã alterna entre pratos típicos peruanos, como caldo de galinha, chincharón de cerdo e milho cozinho com queijo, e os tradicionais ovos com bacon, salsicha e panquecas.

Em uma das manhãs, fizemos uma degustação de café da região de Quillamamba – uma área da cordilheira com clima tropical e que produz os melhores cafés do Peru.  Em outra, havia um artista pintando pequenas aquarelas com motivos de pássaros e lhamas para presentear os hóspedes no ínicio do dia.

Não é uma refeição para ser feita com pressa. Tudo no hotel é pensado para você ter momentos relaxantes e apreciar o ambiente à sua volta.

Atividades e lazer

Além de atividades com custo extra, como passeios, aula de yoga, churrascos e piqueniques no jardim, diariamente acontecem eventos gratuitos. Os próprios funcionários já nos abordam no café da manhã perguntando nossos planos para o dia e informando sobre o que vai acontecer de especial no hotel.

Na nossa segunda noite, um astrônomo foi convidado para explicar sobre o céu do Peru e, com um telescópio bem moderno, pudemos observar estrelas, planetas e nebulosas. Um programa e tanto!

Todos os dias, às 8h é às 16h, podemos alimentar as alpacas com mamadeiras quentinhas. Elas ficam soltas pela propriedade e, quando os funcionários aparecem com as mamadeiras, vão todas correndo animadas para o gramado. É uma festa e não só as crianças – como os adultos também – adoram interagir com os animais.

A área da piscina de borda infinita é muito agradável e fica aberta até as 17h. A água está sempre aquecida a 28 graus, há espreguiçadeiras com toalhas e um balcão com frutas, água saborizada e protetor solar à disposição. Você pode pedir um almoço leve para ser servido na piscina ou nas mesas externas na beira do rio.

O hotel também dispõe de bicicletas que podem ser reservadas na recepção para passeios. O ideal é que você reserve logo na chegada, porque os grupos para sair de bike são de no máximo 4 pessoas. O hotel também oferece uma visita guiada à horta na parte da manhã para o hóspede aprender sobre as ervas da região e fazer um chá com elas em seguida.

Se quiser aproveitar uma das terapias do spa Mayu Willka, também recomendo fazer a reserva logo que chegar, principalmente para o horário da noite (eu só consegui vaga no terceiro dia). A estrutura é perfeita, com uma varanda ampla, jacuzzi aquecida, sauna e confortáveis salas de massagem. Há uma variedade enorme de tratamentos,  incluindo massagem para aliviar os efeitos da altitude. Eu escolhi a massagem andina, com compressas de sal de Maras e ervas para reduzir pontos de tensão pelo corpo – e no final ainda fui presenteada com dois mini frascos de óleos essenciais para relaxamento.

Além de tudo o que está disponível no hotel, o Rio Sagrado possui ainda sua própria estação de trem, de onde sai o Belmond Hiram Bingham – trem de luxo “all inclusive” que faz o passeio até Machu Picchu. Mas isso vai ser assunto para outro post! Veja no Instagram aqui.

Para uma viagem especial, de lua-de-mel ou de comemoração de aniversário, o Belmond é uma opção de hotel de luxo no Vale Sagrado que acerta em cheio para quem deseja sofisticação, privacidade e atendimento high standard.

Informações gerais