Um dia em Londres para bailarinas – e aspirantes!
Se você também é uma apaixonada por dança, que tal conhecer lugares incríveis em um roteiro de 24 horas em Londres para bailarinas (ou somente entusiastas, por que não)?
Londres respira cultura e arte e é a casa de uma das companhias de ballet mais respeitadas do mundo: o Royal Ballet. Vem comigo ter o seu dia de Marianela Nuñez em Covent Garden!
Faça uma aula de dança
Na primeira parada você vai queimar as calorias dos seus fish and chips em uma aula de dança na Pineapple Dance Studios. A escola foi aberta em 1979 em um antigo armazém e sua fundadora é a ex-modelo britânica Debbie Moore.
A Pineapple oferece mais de 40 modalidades em 400 aulas por semana para pessoas de todos os níveis (com idade de 3 a 103 como eles mesmos falam)! Eu me senti no filme “Fame” de 1980 (olha ela aí denunciando a idade). As salas estão sempre cheias e é aquela vibe meio Broadway mesmo.
As aulas avulsas são compradas através do site ou aplicativo da escola de dança, com preços que variam de £10 a £14 para uma hora de aula. As aulas de ballet clássico têm duração de uma hora e meia. Eu fiz a aula de Beginners-Improvers – algo entre o iniciante e o intermediário – com o professor David Kierce (acompanhem ele pelo Instagram, maravilhoso!).
Adorei a diversidade de pessoas! Vários homens, gente já fazendo a aula com sapatilha de ponta, mulheres 60+… Todo mundo misturado e o professor um queridíssimo, super bem humorado e deixando todos à vontade. Definitivamente se eu morasse em Londres faria aulas com ele sempre!
Uma coisa muito diferente do Brasil é que aqui a gente filma com o celular e tira foto de tudo o que faz na aula de ballet. Lá é proibido! Não pode nem entrar com o celular na sala. E a cereja do bolo é fazer aula com pianista ao vivo, que por aqui a gente também não tem mais.
O céu é o limite na Pineapple Dance Studios (7 Langley St, London). Você pode escolher clássico, jazz, teatro musical, sapateado, hip hop, samba, Bollywood e até ginástica dos anos 80 (aquele estilo Jane Fonda, lembram?). Para quem curte muitas modalidades fica até difícil pick one!
OFF TOPIC: Saindo do estúdio de dança, atravesse a rua e vire na Mercer Walk para um dos melhores sorvetes de Londres. Lá você vai encontrar uma loja toooooda amarela da marca Badiani (fundada em Florença, na Itália, em 1932) que tem sorvetes incrivelmente deliciosos. Está empatada na minha lista de sorvetes londrinos em primeiro lugar junto com a Gelupo Gelato – que fica ali no Soho.
Vá às compras
Já nas redondezas você vai encontrar as melhores lojas para renovar seu estoque de acessórios para dança.
Comece na Bloch (33 Endell St, London) para encontrar a sua sapatilha perfeita. A marca de sapatilhas australiana, com 90 anos de história, veste os pés das bailarinas de algumas das maiores companhias do mundo. Sarah Lamb, uma das primeiras bailarinas do Royal, usa as sapatilhas dessa marca. As sapatilhas de meia ponta são muito duráveis e macias e a ponta da Bloch também é sucesso! Eu demorei muito a achar uma ponta para chamar de minha e a Bloch foi amor ao primeiro fitting. Você consegue, inclusive, fazer um agendamento para fitting gratuito na loja de Londres pelo website da marca.
Logo na loja ao lado está a Capezio (37 Endell St, London) Quando a gente fala em dança é o primeiro nome que vem à mente. Apesar de haver muita controvérsia em relação à qualidade das sapatilhas de ponta, Capezio é sinônimo de tradição fabricando sapatilhas desde 1887. Os collants, roupas de ginástica e bolsas da Capezio são muito bonitos e de boa qualidade. Vale a pena olhar se alguma coisa estará em sale no momento da sua visita.
Depois, não deixe de conhecer a maravilhosa loja da Freed of London (94 St Martin’s Ln, London). Esse é o meu sonho de sapatilha de ponta! A Freed existe desde 1929 ali mesmo em Covent Garden, e a produção das peças naquela época era feita no subsolo da loja. Até hoje o método é totalmente artesanal e há a possibilidade de fazer sapatilhas por encomenda sob medida para os seus pés. A precisão das sapatilhas da Freed é de até 3 milímetros, a idéia é que sejam quase como uma segunda pele! Veja como elas são feitas no vídeo abaixo.
Freed of London é uma das fornecedoras de sapatilhas do Royal Ballet – que consome entre seis e sete mil sapatilhas de ponta por ano pelo valor de £39 o par (basicamente preço de custo, já que na loja o par é vendido a partir de £55). A marca também tem lindas roupas de ballet em collab com Marianela Nuñez. Vale a pena dar uma conferida, todo ano eles lançam uma coleção nova. Se desejar fazer um fitting de sapatilha de ponta, não é necessário marcar horário mas é recomendado (mande um email para shop@freed.co.uk).
Caso você queira comprar um traje de gala para suas apresentações, pode também conferir a loja Dance Couture, (71-75 Shelton St, London) que produz vestidos de alta costura para dança. Não quero nem imaginar quanto custa essa brincadeira!
Almoce com estilo
Hora de entrar no templo sagrado. O teatro atual, datado de 1858 depois que o anterior pegou fogo, abriga desde o pós Segunda Guerra as companhias da Royal Opera e do Royal Ballet. Por algum motivo, injustamente foi batizado The Royal Opera House.
Em maio de 2024, foi lançada uma nova logomarca e um novo nome: Royal Ballet & Opera.
O edifício tem uma arquitetura que mistura o clássico e o contemporâneo em seu interior. O teatro tem restaurantes sofisticados para o jantar pré-teatro, exclusivos para os portadores de ingresso, e outros bares/cafés espalhados pelos seus andares que ficam abertos ao público em geral.
Na hora do almoço, o restaurante Piazza oferece um menu executivo de segunda a sexta-feira por £24 com dois pratos ou £32 com três pratos. Vale ressaltar que o Piazza fica no último andar do teatro, com vista pra a piazza de Covent Garden. É um ambiente muito bonito e agradável. Caso queira se sentar no terraço, as reservas são recomendadas.
O Piazza também tem um bar ótimo para tomar uma taça de vinho antes dos espetáculos – dependendo do horário você ainda pega um sol se pondo entre os prédios.
O restaurante funciona para almoço das 12h00 às 14h45 durante a semana. Aos sábados, tem serviço continuado até a noite.
Conheça os bastidores do Royal Ballet
A origem do Royal Ballet está em 1931, quando a bailarina Ninette de Valois montou uma companhia que se apresentava em dois teatros no centro de Londres. De 1939 em diante, o corpo de baile viajou pela Grã-Bretanha se apresentando para as tropas aliadas durante a guerra, até que em 1946 foi transferido para a Royal Opera House.
O nome Royal Ballet só veio em 1956, na comemoração dos 25 anos da companhia de dança. O patrono da companhia é Sua Majestade, o Rei.
O Royal Ballet & Opera realiza quase diariamente tours guiados pelos bastidores do teatro. Os horários fixos são 12h15, 14h15, 16h15 e em algumas datas também há opção das 13h15. A duração é de uma hora e quinze minutos e é apropriado para visitantes acima de 12 anos.
Você vai conhecer áreas que não são normalmente abertas ao público como salas de ensaios, salas de figurinos e da produção em geral. Cada tour pode ser diferente do outro, uma vez que o teatro sempre está com produções acontecendo e alguns espaços estarão sendo usados para ensaios e trabalhos internos. Com um pouco de sorte, verá o imenso corpo de baile fazendo aula durante o percurso do passeio.
No final do tour, não deixe de passar pela lojinha do teatro (que abre às 12h00 e fecha após o intervalo do espetáculo do dia). Os produtos são muito bonitos, desde blusas, guarda-chuvas, livros… Eu não largo meu chaveiro de sapatilha nem a minha ecobag do Royal Ballet. Os preços são um pouco salgados, mas estamos em Londres, né amores?
Dica: logo em frente ao teatro, na Broad Court, fica uma estátua de bailarina muito bonitinha para tirar fotos. O nome dela é Young Dancer: foi produzida pelo escultor italiano Enzo Plazotta e está nesse local desde 1988. Ali você aproveita também as cinco cabines telefônicas enfileiradas na pequena praça para já dar o check nas fotos. Este lugar costuma ser mais vazio para fotografar as cabines se comparadas àquelas que ficam em Westminster, perto dos pontos turísticos.
Assista a um espetáculo
Sem dúvida o momento mais mágico! Quando as cortinas se abrem e você entra no mundo de sonhos do ballet.
Eu já tive a oportunidade de assistir a duas grandes produções do Royal Ballet: O Lago dos Cisnes e Dom Quixote – e não quero parar por aí!
Espere espetáculos grandiosos, figurinos impecáveis e bailarinos que parecem de outro mundo. É tudo tão lindo que a gente não quer que acabe! Eu gostei mais dos ballets que eu assisti no Royal do que no Teatro Bolshoi e no Mariinsky, na Rússia.
Para o espetáculo Dom Quixote, eu escolhi a dedo a data em que ia dançar no papel de Kitri a bailarina russa Natalia Osipova. Acho a Osipova belíssima e estava super na expectativa.
Algumas semanas antes do ballet, recebi um email dizendo que ela havia machucado o pé e estaria fora da temporada (e ofereceram o cancelamento e devolução do ingresso). Porém, qual não foi a minha surpresa ao ler as próximas linhas, colocando como substituta a carioquíssima Mayara Magri, recentemente promovida a primeira bailarina da companhia (em 2021). E lá fui eu feliz ver a Mayara dando os seus 32 fouettés!
A temporada de ballet geralmente vai de setembro/outubro a maio/junho. No verão a companhia está de férias e você só consegue ver algumas apresentações dos alunos da escola de dança do Royal Ballet. As grandes produções acontecem no Outono e na Primavera e também na época de Natal.
Os tickets devem ser comprados com muita antecedência, e você pode se inscrever no site para ser avisada quando começam as vendas para o espetáculo que escolher. O preço varia bastante, podendo ir de £10 a £190. Note que os ingressos mais baratos são Standing (isso mesmo, de pé) e com visão restrita.
Eu gosto de comprar na primeira fila do Stalls Circle, que tem uma visão ótima e muito livre do palco. Estes ingressos estão na faixa de £120 a £150. O mais legal é que no site do teatro, na hora da compra, você consegue clicar e ver uma foto exata de onde será o seu lugar. Assim, já pode saber quais restrições se aplicam e se vai realmente valer a pena assistir dali.
Não deixe de tomar um drink durante o intervalo no Paul Hamlyn Hall (também conhecido como Floral Hall). Uma imensa estrutura de ferro e vidro que, na sua construção, foi projetada para ser um mercado de flores e frutas anexo ao teatro. Já serviu como galpão para guarda de cenários, como pista de patinação no gelo e hoje é um dos lugares mais bonitos do teatro com um imenso bar oval no centro.
Fatos práticos:
- Bolsas grandes podem ser inspecionadas pela segurança e devem ser guardadas na chapelaria.
- A chapelaria também pode guardar seus casacos e outros pertences gratuitamente durante os espetáculos. Na saída, forma-se um pouco de fila. Ou você escolhe ser uma das primeiras a sair do auditório, antes dos agradecimentos, ou espera o pessoal dispersar um pouco.
- Bebedores estão espalhados por toda a área comum da casa. Você pode levar sua garrafinha e encher (garrafas de vidro não podem entrar na sala de espetáculos).
- Não se atrase! Se você chegar após o início do espetáculo, só será autorizada a entrar durante o intervalo. E são super pontuais, acredite!
- O Royal Ballet & Opera é um estabelecimento cashless. Tudo o que você quiser comprar lá dentro deverá ser pago no cartão de débito ou crédito.
- O dress code não é restrito. Vá como se sentir mais à vontade – só não é permitido entrar de chinelos
Aproveita e já dá uma olhada em lugares para se hospedar perto de Covent Garden
The Lincoln Suites – esta foi a minha hospedagem mais recente na cidade. A 5 minutos a pé de Convent Garden e pertinho da estação de metrô Holborn (Picadilly Line). Ficamos em um apartamento de sala e quarto, bem amplo e com vista para a Kingsway. Recomendo e espero voltar em breve!
The Savoy – hotel 5 estrelas em frente ao Tâmisa, na Strand. É um local histórico interessantíssimo pois nesse mesmo lugar existia o palácio da família Savoy, construído em 1263. O local passou por vários usos ao longo dos séculos, inclusive um hospital e uma prisão militar, e em 1889 o edifício atual inaugurou como hotel.
The Waldorf Hilton – localizado em Aldwych, no coração do distrito dos teatros. O hotel de 4 estrelas está em um edifício do século XIX a 150m da Royal Ballet & Opera.
Radisson Blu Mercer Street – localizado em Seven Dials, um distrito vibrante e com muitas opções de restaurantes e o delicioso mercado de Seven Dials. Fica a poucos minutos a pé do metrô de Convent Garden.
The Z Hotel Holborn – bem localizado na Kingsway, também muito perto do metrô de Holborn. Faz parte de uma cadeia de hotéis econômicos em Londres, com quartos bem pequenos. Cuidado com os quartos sem janela! (comuns em Londres, viu?)
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