Pessoas com perfis bem diferentes podem viajar juntas?

Dizem que algumas situações são propícias para conhecer bem uma pessoa e viagem certamente é uma delas.

O problema é que às vezes aquela amiga incrível, o novo namorado ou um parente, tem hábitos e gostos bem diferentes do seu.

Algumas pessoas gostam de aproveitar o máximo em viagens, acordar cedo, fazer todas as atrações possíveis. E outras querem aproveitar as férias justamente para relaxar, acordar sem despertador e não ficar na correria que costuma ficar no restante do ano.

Tem o mais econômico que prefere andar bastante, ficar em um hotel mais simples e conhecer atrações gratuitas. Compras, nem pensar! Outros querem aproveitar as férias para ter experiências que não costumam ter em casa, ficar em um hotel mais confortável, comer em um restaurante mais caro.

Bem, já deu para ter uma ideia.

E vamos combinar? Achar alguém que não só tenha o mesmo estilo e gostos que você, mas que queira viajar para os mesmos lugares e tenha disponibilidade na mesma época, nem sempre é fácil.

Mas e aí? Como solucionar isso e não tornar as férias uma fonte de brigas e frustrações?

Eu acredito muito que o combinado não sai caro. Conversar antes da viagem com o(s) companheiro(s) de viagem sobre as expectativas, o que quer muito ver e fazer, já ajuda um bocado.

Depois, todos devem estar imbuídos de muita boa vontade para ceder nos momentos em que for possível, ser sincero quando não der e entender que por mais que seja uma viagem com amigos, casal ou família, não precisa todo mundo estar junto o tempo todo.

Já vivi a situação de viajar com amigas com rotinas bem diferentes da minha e deu super certo.

Em 2017 fui para a Espanha em uma viagem pela Andaluzia com uma grande amiga. O tanto que somos amigas, somos diferentes. A Joana vai dormir perto do horário que eu acordo, não faz nada de manhã, não liga para lojinhas, é mais flexível com horários e gosta de curtir o momento, não planejar tanto as coisas.

Eu sou a que acorda com as galinhas, não dispensa ver uma lojinha diferente, faz o roteiro da viagem, mil pesquisas… parecia a fórmula certa para rolar conflito e a gente voltar brigada, né?

Pois aconteceu exatamente o contrário! Conversamos que atrações as duas queriam fazer juntas e nos programamos em horário mais para o meio ou final do dia, que atendia as duas.

As que ela não tinha interesse, antes de dormir eu já deixava a roupa, tudo separado, acordava cedo e ia. Deixava-a dormindo. Ela, por sua vez, depois que eu dormia, fazia o máximo de silêncio, colocava fone de ouvido para ver celular, trabalhar, fazer o que queria fazer sem me acordar.

Em alguns momentos uma cedeu aqui, a outra ali, fez coisas que não estava super interessada, mas sem que a outra se sentisse agredida no seu jeito de fazer as coisas e foi uma viagem perfeita.

A Espanha, em geral, tem esse clima das coisas começarem mais tarde, sem pressa, tirar um cochilo depois do almoço, então me lembro de acordar cedo e andar pelas ruas de Sevilha sem me preocupar para onde estava indo, onde ia comer, só apreciando a cidade, curtindo sua arquitetura maravilhosa e eu não fiquei ansiosa achando que estava perdendo alguma atração, que podia estar vendo mais alguma coisa… Eu fazia as coisas no meu tempo e quando a Joana acordava a gente se encontrava. Foi uma das melhores viagens que já fiz. Te amo, Ju!

Então, respondendo o título desse texto que abre o blog: sim, é possível, muito possível.

Basta você se respeitar, respeitar o outro e fazer algumas coisas sozinha, mesmo que seja viagem em casal.